terça-feira, 13 de maio de 2014

Quando fui ao show de Chico.


Eu fui a um show, e não era um show um qualquer.

No palco um homem elegante, de cabelos cinzas, olhos azuis, de rugas, belas rugas que em nada alteravam seu viço. Voz suave, e uma fineza que encabulava a platéia.

Chico é tão fino, que a platéia por vezes não sabia como reagir para cortejá-lo.
Não sabíamos se era pra aplaudir ou calar, levantar ou gritar, a todo instante eram cabíveis palmas, aplausos nunca será demais para Chico.

De blusa preta, manga longa, sentado ou de pé, sempre numa postura impecável, Chico, amável, lançava suas canções que emocionaram o público pernambucano. Em seus braços um violão, à sua direita um copo d'água que ele golejava no intervalo de duas ou três músicas, e fez todas as mulheres da platéia, por um instante, desejar ser aquele singelo copo.

Os homens, como eu, não tinham como esconder o deslumbramento, é inevitável sentir-se inferior à Chico. Qualquer homem perto de Chico Buarque, é um qualquer. Ninguém tem tanto charme, elegância e uma postura intimidadora como ele. Impossível não se render a tamanho encanto. Deve ser por isso a sua fama de galanteador.

Ademais, vale frisar, na elegância da sua banda. Músicos impecáveis, que mal se mexiam no palco.
Palco singelo, de cenário simples, porém de uma iluminação detalhista, holofotes inclinados que se cruzavam no palco, uma pintura de pessoas em uma festa, um belo piano, um violoncelo, e pra animar um pouco mais, Wilson das Neves na sua bateria, vestido num terno branco de chapéu da mesma cor, à la malandro carioca dos anos 50, com sua irreverência e voz típica de sambista cantando ao lado de Chico.

É Chico, do governador ao segurança, todos se encantaram com a sua malemolência. Valeu toda a espera por algumas horas da sua presença por aqui. O que eu me arrependo foi de não ter burlado os seguranças, invadido o palco, e dado um abraço, pra vê se assim, por osmose, eu adquiriria um miúdo da tua inteligência, um pouco desse charme, e quem sabe até, um conselho teu. Porque cá pra nós, heterossexualmente falando, Chico é lindo, meu velho!

Mariano Sá.

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