A cada ano o desejo se repete de
viver outros tantos, e cada “muitos anos de vida” são bem vindos, porque
afinal, esse é o desejo: viver! Ninguém vive a conta-gotas. Ninguém torce pra
viver mais um ano e no ano seguinte pedir mais um e assim sucessivamente. A gente sempre mira alto quando o assunto é
longevidade da vida. A gente sempre quer dos 80 pra lá e sem bengala, viu? Tem
que ser viril, jogando bola e tomando uma.
Eu quero viver de 30 em 30, a
cada trintênio renovarei os sonhos dos próximos anos, mas sem esquecer os
anteriores formadores do presente. Porque intrinsecamente nos meus 30, tem
coisa dos oito que ficou, ideais dos doze que carrego até hoje, personalidade
dos dezesseis que Deus me livre que mude. É uma essência infantil que funciona
como alicerce e eu não posso perdê-la. É viver na busca incansável de
crescimento pessoal, para ser alguém sem deixar de ser quem eu sou. Esse é o
plano.
Das coisas que já escrevi tem uma
que gosto muito, porque me define bem:
“Querer tudo como quem não quer nada, deve ter sido meu grande disfarce
de interessado desinteressado. É que eu sou mangueboy e desorganizando posso me
organizar.”
Na verdade eu parafraseei D2 e Chico
Science que provavelmente leram Coríntios, pra lembrar que Deus escolhe as
coisas loucas desse mundo para confundir as sábias, porque ele sabe, nas
entrelinhas dessa elipse, que tem coisas que só os loucos sabem, e que a
própria vida em si, é loka, nêgo, e nela eu to de passagem – pra não deixar
racionais de fora.
Eu vivo teimando em tirar algum
aprendizado das coisas mais simples, d’uma música que ouço, d’uma partida de
futebol, de algo que leio pichado na parede e por aí vai, o mundo tá cheio de
poetas e gente disposta a ensinar algo despretensiosamente, como um transeunte
que deixa cair uma flor, quando é de uma flor que precisamos.
Eu vou continuar carregando,
pelos próximos trinta anos, um otimismo gigante, na crença de que tudo vai dar
certo na minha vida e na dos outros, e seguir invicto, pois nessa vida só se
perde pra valer uma única vez, e que esta demore.
Eu sou daquela safra boa de
oitenta seis, meu velho. Sem gato, oito-meia batido, infância boa, duas copas
do mundo no currículo, alvirrubro desde pequeno, pra aprender a perder nessa
vida e a amar na alegria e na tristeza. Atacante nato, destro, sentava no
fundão, da turma do abraço, gaiato, bagunceiro, fominha e raçudo, o resto é
extra campo.
Que venha 2046, que a gente vai
levando entre sonhos e choques de realidade, do jeito que dá, só por pirraça e
por muita vontade de viver mesmo, por amor a vida e ao próximo, vestido e
armado com as armas de São Jorge, pra seguir invicto, sempre incluso na lista
de Moisés, pra passar quando o mar vermelho abrir.
#1986 #trintei
Salgueiro, 19 de maio de 2016.
Mariano Sá.