terça-feira, 20 de outubro de 2015

Vem viver comigo!



Eu já estou feliz por voltar a subir escadas. Eu me criei em apartamento, vai ser moleza. Na primeira semana decoro a quantidade de degraus, é assim que elevaremos nosso amor, escada acima e coisa e tal. Abre a janela daquele duzentos e três pra arejar nossas vidas, pra brisa suave manter essa leveza.

Até comprei, dia desses, um disco do Los Sebosos Postizos, para ouvirmos em paz pós dias turbulentos, cientes de que estes virão, mas passarão brevemente, e viveremos que nem os alquimistas de Jorge Ben, evitando relacionamento com pessoas de temperamento sórdido.

Há muito nos livramos da perfeição que só fazia estragos e nos aceitamos imperfeitos. Eis a proeza que só o amor é capaz de alcançar. E ainda bem que toda história de amor tem idas e voltas. Aproveita, liga pro povo, fala que tá namorando e que casa semana que vem, meu bem, que eu já aluguei o terno.  

Algo me diz, num tom alvirrubro, que se ama na alegria e na tristeza. E que os dias tristes fortaleçam nosso amor em busca dos dias felizes, que facilmente serão maioria ao teu lado, e não tenho dúvidas disso.

Temos amor, comida e Netflix, isso já garante mais da metade da nossa felicidade. Temos bons amigos, família e trabalho, o que nos torna quase super-heróis  da felicidade, e um dia teremos filho(s) e, quem sabe até, tempo. Aí não tem pra ninguém, seremos o casal mais feliz do universo.

Eu te prometo o céu, meu bem, e o meu amor também. Mas não vou lavar banheiro. Eu lavo os pratos, e te banho se precisar. Vou olhar umas receitas no google, pegar umas dicas com Tonhão e fazer, vez outra um jantar, pra gente acender velas e tomar vinho, porque cabe clichê no romantismo.

Roupa suja vou pôr no cesto, e me lembrar de que estas nós lavaremos sempre em casa.

Sobre o que eu sinto, bem...

Eu amo você, meu amor. Seu cheiro, cabelo, curvas e pés, mas pra falar dos pés invoco Neruda, que sabe falar de amor melhor que eu:

"Mas se amo os teus pés
é só porque andaram
sobre a terra e sobre
o vento e sobre a água,
até me encontrarem."

E nunca desistiram de mim. Com sua licença para complementar, Caro Pablo.

E assim posso dizer que és minha, não por sentimento de posse, mas por saber que não queres ser de mais ninguém, e que fui escolhido pela menina mais bonita. Que sorte a minha!

Se um dia acordares no meio da noite e me flagrares acordado te observando, não se assuste, é meu momento de contemplação, minha vigília de amor, te ver dormir é uma das minhas maneiras de cuidar. E por isso, vez outra, no meio da noite, eu te dou um beijinho no olho, como quem te guarda, como se fosse minha missão, e no fundo é.

Você sempre dorme à minha esquerda, não por acaso, é o lado do coração, o lado que te guardo, assim como faço na rua, quando te guardo do lado de dentro da calçada por ser mais seguro. Eu vou cuidar de você assim sempre, curuminha.

Eras mesmo pra ser minha. Nossos nomes tem um elo, meu nome é teu sobrenome, sete letras e um M no início. Tu sabia que em nosso alfabeto existem apenas três letras que foneticamente são bilabiais? Pois é, P, B e M, e por isso se usa M antes de P e B. Bilabial significa que os lábios (superior e inferior) se tocam ao pronunciar tais letras. E precisava ser assim, pois preciso que meus lábios se toquem cada vez que eu te chamar, para eu poder saborear a doçura do teu nome, Marise Mariano Bezerra SÁ.

E assim eu grito para ouvirem às margens plácidas do Pajeú, que sim, que te amo e que você é minha esposa.

Que a vida nos seja leve, meu anjo. Que possamos amadurecer juntos e seguir adiante para infinitas bodas.

Que essa nova fase traga tudo de bom dos anos passados, só o que for bom deve entrar naquele duzentos e três purificado.

Então, meu bem, finalizo com uma canção, de um dos nossos cantores preferidos, e aproveito o ensejo, para eleger essa música, que é um convite para uma vida a dois, como mais uma da trilha sonora do nosso romance, coração selvagem de Belchior, que de forma madura diz:

http://letras.mus.br/belchior/44453/
https://www.youtube.com/watch?time_continue=3&v=OKTRc7x-zCM

Meu bem, vem viver comigo! =)

Com amor,
Seu (quase) esposo,

Mariano Sá.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Sabe o que te falta, rapaz? Humildade!



De perto ninguém é perfeito. Isso é sumulado pela suprema corte da humanidade. Já sabemos.

Estética à parte, seguimos o filósofo mirim, o pequeno príncipe, que fala num tom de experiência anciã, a célebre frase “o essencial é invisível aos olhos”. De fato, jovem real. Nada é mais importante numa pessoa do que o seu caráter. Este definirá o seu relacionamento com os demais, sua aceitação e sua liderança. Há um líder dentro de cada um de nós, cabe a nós governa-lo e fazê-lo falar, né Chico Science? É, eu to ligado!

Não importa o lugar que ocupas no pódio. Não importa se sentas na cadeira presidencial ou na recepção. Não importa o limite do teu cartão de crédito. Pobreza de espírito, amigo, não se cura com vil metal.

Do alto da arrogância qualquer homem se imagina muito mais do que consegue ser.  Disse Lenine, dia desses, lá em casa.
Acredito que um homem deve estar sempre fazendo uma retrospectiva de si mesmo. Chegando ao destino, meu velho, não se esqueça de onde partiu. Isso te manterá humilde.

No futebol eu sempre ouvi falar muito sobre isso, humildade. Os humildes vão além. Isso não tem a ver com precariedade financeira, ou coitadismo. Sempre me pareceu estar ligado aos mais favorecidos, que com habilidade se introduziam no mesmo contexto dos demais, mas de forma natural, sabe? Sem forçar. Agindo com o discernimento da isonomia.

Grita o pai celestial, clamam as torcidas em protesto, berra o negro da senzala, grita o trans, do alto de um trio elétrico na avenida paulista: NINGUÉM É MELHOR DO QUE NINGUÉM!

E a mensagem é esta! Por tudo que seja sagrado, honrem os culhões dos revolucionários franceses, flamulem a bandeira da igualdade e o mundo se alinha.


Mariano Sá.

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Tudo vai dar pé



A crise do futebol brasileiro me incomoda mais que a crise econômica. É que sou mesmo assim, sempre fui, desde cedo, de me importar com o que parece tolo, e de ter paciência com coisas complexas, sempre com muito otimismo. “Tudo vai dar certo” é um mantra que carrego comigo desde os tempos de labuta com o exame da ordem. No fim, eu sempre estive certo.

Querer tudo como quem não quer nada, deve ter sido meu grande disfarce de interessado desinteressado. É que eu sou mangueboy e desorganizando posso me organizar.

Esse texto não era pra ter cunho político, mas ando cansado de ser chamado de burro, alienado, ou até mesmo “idiota útil” com conceito político e tudo, porque tive uma opção diferente de voto da grande massa intelectual, soberana, verossímil e certa deste país. Mal aí, galera.
Eu só acho que hoje vivo num país menos desigual,  porque inúmeros grupos de pessoas passaram a ter oportunidades não existentes anteriormente, e eu acho isso massa, velho. Remeto a carrossel, eu estranhava Cirilo e Maria Joaquina estudarem na mesma escola, mas hoje é comum, aqui no Brasil, estes personagens serem colegas acadêmicos na FBV (porque não me acostumo com FPS).

Eu que passei a infância viajando entre Recife e Serra Talhada, numa rodovia esburacada, onde o trecho Arcoverde/Custódia durava mais de duas horas para percorrê-lo (alguém lembra?), não passo mais por isso há pelo menos uns 12 anos.

Eu que vi, aqui pelo sertão pernambucano, em várias cidades e distritos, meu pai parar o carro porque tinham pessoas com uma corda atravessando a pista para pedir comida, APENAS COMIDA, e hoje essas mesmas pessoas se alimentarem sem passar por tamanha humilhação, é um ganho e tanto. Até pra mim que não como da panela deles, é um ganho e tanto.

“Oh Josué, eu nunca vi tamanha desgraça, quanto mais miséria tem, mais urubu ameaça.”

Josué de Castro teria orgulho dos feitos deste país. O que era utopia para ele, tem virado realidade, e a fome que, embora tenha uma saúde de ferro – só pra citar os mangueboys mais uma vez – está cada vez mais enfraquecida por aqui. A miséria S/A está falindo.

A diferença deste governo para os demais, foi se importar com pessoas. Com qualidade de vida das pessoas. Foi fazer uma política voltada para interferir diretamente na vida das pessoas. Que bom!

Pessoas melhoraram de vida de maneira gritante nos últimos anos. A saúde, a educação e a segurança, embora ainda aquém do necessário, deu um salto gigantesco, e só não concorda quem realmente não quer ver. O próprio HR, referencia em nosso estado, é um exemplo. Exemplo de que melhorou muito, mas que precisa de mais, claro.

Quanto a corrupção, é clara. Existe. Não de agora, há muito tempo. No entanto, nunca existiram tantos mecanismos de repressão a esta conduta como agora. Inclusive sanções de leis que punem severamente os corruptos. Orgulho em ver, hoje em dia, ricos corruptos algemados. Só não entendo os que julgam o ex e a atual presidente de corruptos, votarem em outros corruptos comprovados, como se fossem santos. Seríamos todos burros? Porque Aécio não é menos corrupto que ninguém.

Eu concordo mesmo com Marieta Severo, sabe? Sou otimista. Obama nunca erra, somos uma potência! Inflação oscila em todo o mundo, crise financeira vai e vem. Só acho que não sou burro em pensar, depois de ver tanto crescimento, que meu país está em péssimas mãos. Não, não está. Tudo vai dar certo. Péssimo mesmo, foi o 7 x 1.

PS: não discutirei política nos comentários. Respeito sua opinião. Não te acho burro se você pensa diferente. E Provavelmente você entende de política mais do que eu, eu sei.

Mariano Sá.

terça-feira, 26 de maio de 2015

Eu tenho nome





Meu nome é Francisca, vim de uma família pobre, infância e adolescência sem regalias, e precisei trabalhar desde cedo, por tal motivo não avancei muito nos estudos. 

Para minha sorte, consegui um emprego na casa de uma família maravilhosa, cuido dos filhos de um casal simpático e bem quisto por todos, além de muito ricos. 

Comigo trabalha uma colega chamada Marcileia, dividimos os afazeres e zelamos com muito carinho pelos filhos dos patrões, somos como se fôssemos da família, estamos presentes em todas as viagens, inclusive as internacionais, já conheci outros países, dificilmente teria tal oportunidade se trabalhasse em outro local para outra família.

Dia desses, na volta de uma viagem, o avião em que estávamos teve pane, e foi preciso um pouso de emergência, meus patrões são famosos e isso repercutiu em todo o Brasil. Meus familiares e os da minha colega Marcileia ficaram desesperados, afinal, eles sabem quem somos. 

Seu Luciano e Dona Angélica, merecedores de tamanha graça, tomaram as notícias dos jornais, além deles, nossos queridos pequenos Joaquim, Benício e Eva também nada tiveram, o Piloto Osmar, merecidamente, virou herói nacional junto com o copiloto José Flávio, e eu e a outra babá também estávamos à bordo.

Como disse, meu nome é Francisca e o dela é Maricleia. Avisem a eles!


Mariano Sá.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Quando fui jogador de futebol



Deparei-me com uma foto hoje, que trouxe a nostalgia.

Lembro bem, julho de 2012 – ano diamante -, faria minha primeira partida como jogador de futebol profissional, a realização de um sonho, meu e do meu pai. Singelo, pai. Discreto, sem holofotes ou fortunas, mas muito afortunado de ego.

Ver o nome no BID (boletim informativo diário da CBF), apto para jogar, saúde de ferro, a gente voava graças ao nobre amigo, preparador físico de altíssima qualidade e profissionalismo, professor André Portuga, um abraço, meu irmão, que a vida lhe seja sempre leve.

Era um tempo de aflição, eu trabalhava num escritório de advocacia, estudava pro exame de ordem e treinava no ÍBIS, black Bird, pior do mundo, completava meu curto tempo, e me enchia de sonhos, embora vivesse já dentro deste.

Julho de 2012.

Eu saí de casa as 7:30, tinha que chegar no escritório as 08hs, de lá, ao final do expediente - saindo mais cedo, claro - partiria para a concentração na cidade de Paulista, região metropolitana da capital dos altos coqueiros, eu estava treinando desde dezembro de 2011 com o grupo, esperávamos ansiosamente por essa data da estreia, à flor da pele. 

Quando saí de casa, minha mãe que não é nada poética, embora dramática, disse para mim: “vá brilhar meu filho!” Ela pouco se importava com isso, mas sabia o quanto era importante pra mim. 

Nem brilhei, mãe. Embora me sinta uma estrela por ser teu filho, nesse dia nem brilhei.

Quando cheguei na concentração, o clima era ótimo, ansiedade animada, espalhados pelos colchões no chão de uma casa alugada para apoiar alguns jogadores que vieram de fora, e também para nos concentrarmos, era nosso hotel de luxo, com arroz e feijão que a gente fazia o prato na panela mesmo, põe o prato no chão e o chão tá posto,  nobre Chico.

Era um batalhão, comandado por um homem, sonhador como nós, simples, rude, hilário, nervoso, amigo e filho da puta, a quem devo, além de um enorme respeito, a gratidão de quem comigo sonhou e realizou o meu sonho. Obrigado Professor Marcos Costa, que Deus o tenha na área técnica do maracanã celeste, que é onde você é e faz os outros felizes.

Já disse noutras crônicas, e sempre falo para os amigos: o que sei sobre ética e moral, aprendi com o futebol (a frase não é minha, mas a realidade é a mesma). 

Aprendi desde cedo, a lição mais nobre que o futebol me deu, qual foi, aprender a perder. 
Tarefa difícil. Mas eu sei, e as perdas e derrotas que tive na vida, encarei de cabeça erguida, talvez porque, lá nos primórdios da escolinha do colégio Anchieta, professor Guilherme me ensinou isso. 

Talvez por causa do pênalti que perdi numa final ainda na escolinha. Talvez pelo drible mais humilhante que levei na frente da menina mais bonita da escola. Talvez pelo náutico, talvez pelas disputas com André no winning eleven, talvez pelo gol perdido debaixo da barra no campo do santos dumont que tentei dar de letra, e Gilsinho me chamou de filho da puta, talvez pelo dedo esfolado no paralelepípedo na Hélio Falcão, 550, boa viagem, talvez pelo tornozelo torcido, pela queda no cadarço desamarrado, juvenil, pelo gol dado, pela vaia da torcida, pelo gol contra, pela bolada na cara ou nas partes íntimas, pelo “puta que pariu, Mariano, toca a porra da bola”, pelos 10 minutos ou dois gols que meu time saiu com 2 minutos de campo, por tudo que foi inglorioso, e se tornou glória no final. 

Eu que já não quero mais ser um vencedor e perder a glória de chorar, barbudos, eu mesmo não!

Quando chegamos no Ademir Cunha – o Paulistão – no vestiário, uma surpresa, Professor André tinha organizado com nossos familiares, namoradas, amigos, que fizessem algum cartaz com uma mensagem, fotos ou sei lá o quê... Sei que tava lá, feito por Marise, minha dileta companheira, um cartaz com o trecho da música tente outra vez de Raul, toca Raul nessa porra! 

As lágrimas escorriam naturalmente ao ver aquilo, não apenas por aquilo, mas por tudo descrito no parágrafo anterior. Por toda uma história esperando aquele dia, por todo incentivo do meu pai, homem que venceu na vida com os estudos, e queria que o filho fosse jogador de futebol, ah pai, eu não te decepcionaria nessa vida. Digo, talvez sim, mas nunca sem tentar acertar à sua altura.

Não chorava sozinho, e ouvi prantos maiores, nas paredes do vestiário estavam  histórias dos campos de várzea de tantos sonhadores como eu. Era um dia lindo. Aliás, é um dia lindo em minha memória. Perdemos o jogo, mas pouco importa. Foi lindo. Foi utópico e foi real.

Ah 2012, como te agradeço.

Tivemos, ao longo da competição, vários momentos emocionantes, que quem sabe eu os conte ao longo dessa vida, várias derrotas e pasme, vitórias também. O íbis entraria no livro dos recordes mais uma vez, porque naquele ano completaria 4 anos sem vitórias em partidas oficiais. Acabou! Tiramos isso, e nem fomos o último na competição. Jogávamos por um sonho e não por dinheiro. O dinheiro era pouco, e se esvaía com os próprios gastos com deslocamento para treinos e jogos. 

O sonho realizado era pago com suor, gratificante suor que se confundia com as lágrimas em meu rosto e eu nem sabia mais se o gosto de sal vinha dos poros ou dos olhos.

Deixo aqui, um agradecimento a todos os companheiros de equipe, a comissão técnica, ao presidente Urubu, aos torcedores, e todos que participaram direta ou indiretamente conosco.

Peço aos amigos, sempre que lembrarem de mim, no futuro, na velhice, numa memória póstuma, o que seja, digam que o amigo de vocês foi jogador de futebol profissional do íbis, isso me orgulha muito e ao meu pai também. =)


Mariano Sá.