segunda-feira, 9 de agosto de 2010

é um bom tipo, meu velho...

Lembra quando eu te levei na escola e segurei firme a tua mão
para o medo daqueles muros não te tocar?

Quando fingi que não vi o rubor em sua face
ao fitar a sua primeira paixão de infância?

Quando te abracei e prometi que aquele pesadelo
não iria mais te incomodar?

Quando acreditei que você venceu o duelo com o coleguinha da escola
e apenas curei suas feridas de guerra?

Quando fui o pior goleiro do mundo pra te fazer
o melhor jogador do universo?

Quando troquei farpas com o vizinho
defendendo uma razão que você não tinha?

Eu sei que lembra, porque essa lembrança fundiu nossos corações.
Sei também, pelos seus olhos, que eu era o herói, o mágico,
o mais inteligente e o mais forte entre todos os pais.

Mas, por alguma razão do destino, a vida entendeu por bem nos afastar...
E então, outro dia, percebi você, num choro já adulto,
se perguntando porque minha mão largou a tua...

E eu, também em pensamento, te falei: fecha os olhos e sente os meus dedos tocando o teu sorriso, porque ele é o reflexo do meu.