sexta-feira, 27 de junho de 2014

Vida que, ainda bem, segue... (Sobre Salgueiro e coisa e tal)


Vida que vale pouco, quase nada. Vale uma bala perdida, infortúnio de quem a encontrou.
Ou a intencional, com mira e alvo. Sabe-se lá.
Vale tumulto e correria, vida surpresa. Não corro dela, digo da vida, as surpresas que vêm ao encontro.

- Corre lá que é conhecido!

Aí muda tudo. É conhecido!
O fato de ser um conhecido choca não apenas pela afinidade que se tem.
O fato de ser um conhecido, choca, ainda mais, por ser tapa na cara da vida real.

Como se a vida te sacolejasse gritando: tá vendo, as coisas acontecem, também, com a gente.

Baita choque, Jorginho!  me vi ali, deitado, com a mesma camisa amarela  que usava na fatídica noite. Afinal, podia ser eu. Podia ser qualquer um. Desconhecido ou, mais grave, não.

Na verdade, contradizendo-me com as primeiras linhas, a vida vale muito!
Vale para quem a valoriza.

Quem não dar valor a vida, é quem tem coragem de tirá-la por motivo fútil.

Porque vida não vale só a nossa. Preocupa-se também com a alheia. Isso é Divinis Legis.
Amai ao próximo como a ti – mandamento difícil, senhor, muito difícil.

Noite, festa, cenário perfeito para, pasme, confusão! Não, gente. Tá errado.
Pra quê, moço, pobre moço, sair de casa armado?

Repudio sim, o ato. Não por ser um conhecido, mas pela vida que estava em jogo, que podia ser a minha ou a sua.

Bala, só Halls, ok?!

Xinguem-se, esculhambem-se, bota a mãe no meio, mas deixa a vida seguir numa boa.
Sem sangue, sem mágoas, com pedidos de desculpa quando a cabeça esfriar, igual fazemos quando a pelada acaba, e aquele “VTNC” vira um abraço e aperto de mão já com sorriso dizendo: mal aí, parceiro!

Graças a Deus, vida que segue.

Segue firme Jorginho, Jorjão, Diego e família.

Passou, passou, foi só um susto...

Sincero abraço,


Mariano Sá.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Vazio



Bato as mãos nos bolsos da calça, confiro: carteira, ok; chaves, celular, sorine. Tudo aqui.

Saio, fecho a porta e volto. Olho no quarto, procuro, não acho. Peguei tudo.

Entro no carro, olho debaixo dos bancos, porta-luvas, tá tudo aqui.

Chego no trabalho, verifico agenda, atas, pautas, pendências, até estas continuam por aqui, tudo aqui.

Mas carrego, ultimamente, com constância, a angustiante sensação de que esqueci algo.

Não sei onde, não sei o quê.

Mas creio que é algo que não cabe no bolso da calça.

Caiba, talvez, debaixo do bolso da minha camisa de botão.



Mariano Sá.