Vida que vale pouco, quase nada. Vale uma bala perdida,
infortúnio de quem a encontrou.
Ou a intencional, com mira e alvo. Sabe-se lá.
Vale tumulto e correria, vida surpresa. Não corro dela, digo
da vida, as surpresas que vêm ao encontro.
- Corre lá que é conhecido!
Aí muda tudo. É conhecido!
O fato de ser um conhecido choca não apenas pela afinidade
que se tem.
O fato de ser um conhecido, choca, ainda mais, por ser tapa
na cara da vida real.
Como se a vida te sacolejasse gritando: tá vendo, as coisas
acontecem, também, com a gente.
Baita choque, Jorginho! me vi ali, deitado, com a mesma camisa amarela
que usava na fatídica noite. Afinal,
podia ser eu. Podia ser qualquer um. Desconhecido ou, mais grave, não.
Na verdade, contradizendo-me com as primeiras linhas, a vida
vale muito!
Vale para quem a valoriza.
Quem não dar valor a vida, é quem tem coragem de tirá-la por
motivo fútil.
Porque vida não vale só a nossa. Preocupa-se também com a
alheia. Isso é Divinis Legis.
Amai ao próximo como a ti – mandamento difícil, senhor,
muito difícil.
Noite, festa, cenário perfeito para, pasme, confusão! Não,
gente. Tá errado.
Pra quê, moço, pobre moço, sair de casa armado?
Repudio sim, o ato. Não por ser um conhecido, mas pela vida que estava em jogo, que podia ser a minha ou a sua.
Bala, só Halls, ok?!
Bala, só Halls, ok?!
Xinguem-se, esculhambem-se, bota a mãe no meio, mas deixa a
vida seguir numa boa.
Sem sangue, sem mágoas, com pedidos de desculpa quando a
cabeça esfriar, igual fazemos quando a pelada acaba, e aquele “VTNC” vira um
abraço e aperto de mão já com sorriso dizendo: mal aí, parceiro!
Graças a Deus, vida que segue.
Segue firme Jorginho, Jorjão, Diego e família.
Passou, passou, foi só um susto...
Sincero abraço,
Mariano Sá.