terça-feira, 13 de maio de 2014

Feliz dia das mães

(Eu e minha mãe, Fátima Sá)

Vive reclamando. Diz que ligo pouco, visito pouco e pouco me importo.

Do bordão do ano, te digo, mãe: Sabe de nada, inocente.

Nunca morei longe do teu acalanto até aquele 22 de outubro do ano passado, seria um divisor de águas para nós. Se estava na hora, não sei, nunca serei homem suficiente para viver longe de você. Nunca!

Lembro-me perfeitamente da sua cara de quem não estava nem aí, como quem queria me encorajar. Ao contrário de titia, que chorava feito criança, a cada peça de roupa que me ajudava a dobrar e pôr na mala. Era a primeira vez que saíra de casa. Aos 27 anos. Engraçado que nem ia para um lugar tão longe assim. Assim pensamos.

Eu dizia: “Salgueiro é bem aqui, virei todo final de semana”.

As lágrimas que segurei na frente das duas, molharam minha gravata durante quase todo o percurso. Próximo a Verdejante tive que me recompor, precisava chegar sorrindo no 1º dia do new job.

Sim, nós somos dramáticos. Mal de família.

Foi aí que percebi, que distância não se trata apenas de quilometragem. A distância começa logo cedo, de manhãzinha, quando acordo apenas com o despertador do celular, e não a sua voz que, por vezes, julguei tão irritante quando atrapalhava meu sono, e por ora faz uma falta danada. “Acorda Ninho!”

O despertador me dá mais que cinco minutos, a senhora não dava trégua. Devo minha educação à falta dessa trégua. A frase que mais ouvi por grande parte da minha vida, foi proferida pela senhora, sempre de manhã: “Mariano, acorda para aula!”

A distância se perpetua nas refeições diárias, sem teu tempero, sem tua presença na mesma mesa, isso é longe, mãe, muito longe.

Como tatuou em sua pele, uma querida amiga lá de São José do Belmonte, que hoje reside na terra do Tio Sam (longe da mãe): “there is no place like home” – não há lugar como nossa casa. A propósito, kisses for you, little big girl, Luíza Tiné. 
Hei de concordar com os dizeres da sua belíssima tatuagem, de fato não há.

No entanto, o referido lar, não tem nada a ver com logradouro. Dispensamos o CEP, rua, praça, São José do Belmonte. O verdadeiro lar é onde estão os nossos, onde habita o amor-mor materno, seja na Boa Vista, seja lá debaixo da Pedra do Reino, Dona Maristela quem dita daí, dona Fátima de cá.

À la Camargos: eu sei que ela nunca compreendeu os meu motivos de sair de lá, mas ela sabe que depois que cresce o filho cria asas.

Pois é, minha mãe, asas. Eu estou aqui tentando ser alguém, e ao mesmo tempo cuidando para nunca deixar de ser quem eu sou. Manter a essência da tua criação é manter o melhor de mim. Eu serei sempre a extensão da aba da tua saia, que te representa onde estiver, agindo com cautela para nunca te envergonhar.

Tardei a me apartar, diferente dos meu primos, do melhor amigo, de Marise, pessoas que saíram de casa ainda na adolescência, aprenderam antes de mim a lhe dar com a saudade, com a independência forçada, com o desapego que se faz necessário.

É preciso se acostumar com a saudade, pois um dia é só o que restará. Eu sei, já me roubaram alguém e um homem roubado nunca se engana.

Hoje passei o dia contigo, provavelmente não nos veremos nas próximas duas semanas, e eu vou esperar pra daqui uns quinze dias, trazer a roupa que ampara meu suor na labuta, para a senhora afaga-la com afeto e sabão em pó.

Vá desculpando a ausência, mas pode ter certeza que a qualquer momento seu telefone irá tocar, sou eu precisando de um conselho, da bênção, ou de uma grana a mais, caso me falte.

Findo com o clichê mais usado no mundo, igual escrevi na cartinha do colégio um dia:

“Mamãe eu te amo! Você é a melhor mãe do mundo!” 

Feliz dia das mães para senhora, para titia, para vovó e todas as mães.

Pois filhos nem sempre são únicos, como eu, mas mãe sempre é.

Do teu único filho,


Mariano Sá. 

3 comentários:

  1. Muito bom, Mariano... como tudo o que você escreve!!! Lindo e emocionante!! Estarei sempre dando uma passadinha aqui! rsrs Aninha Príncipe

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  2. Belas palavras Mariano (teacher) ... me encaixo em alguns trechos em teu texto ...Sábias palavras, parabéns pela descrição dos teus sentidos .

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