sábado, 7 de maio de 2016

Transpor amor




Só pra contar mesmo, que ontem fui ver Dilma, meio que num tom de despedida  - ao menos por 180 dias – já que o golpe tornou-se evidente, porém, a luta existe, meu grito contrário persiste. Mas nem é disso, nem é isso que quero contar. Quero falar da obra. Fomos ao encontro da presidenta numa solenidade de entrega de um dos trechos da obra da Transposição do São Francisco numa zona rural lá de Umãs, quase Cabrobó – terra da massa, Lirinha.

Velho, vi algo surreal. Deixamos o carro e caminhamos quase uns 3km até chegar no local da apresentação. É uma estação elevatória, gigante, numa estrutura mais impressionante do que o hotel sete estrelas famoso de Dubai. É uma realidade pouco vista e muito criticada por aqueles que fazem da crítica ao governo um hobby.

Sim, havia água lá. Água transportada. Água do velho Chico que não faria curva ali senão por esta obra. Água que penetra as entranhas do sertão com intuito de aguar a vida, de matar a sede, de lavar a alma dos que se importam com quem planta e precisa colher.

Eu sei, brow, eu sei! Tolice minha cair nessa conversa fiada de que o governo se importa com as pessoas e a obra foi feita com a melhor intenção de beneficiar os que sofrem com a falta d’água e parará e coisa e tal. Eu sou tolo e talvez cego. Mas a água está lá, tá ligado? A parada funciona, tem gente até mergulhando nessa realidade molhada que inunda o que era seco e faz brotar a sensação de que existe amor ao próximo. Obrigado por quem se importa.

No caminho de volta comentei com Marise, sobre os trabalhadores que participaram dessa gigantesca obra e brinquei, com essa minha mania de cronista amador, de que a história de um desses peões, se encaixaria numa estrofe da música Cidadão de Zé Geraldo. Como a igreja, sabe? Como quem desfruta do que criou.

Tá vendo aquela água, moço?
Ajudei trazer pra cá
Hoje o milho e o feijão
Que aqui brota no meu chão
Vem desse meu regar
Ali sim, valeu a pena
Pois nem a seca plena
De sede irá me matar.

Fica aqui, Dilma, meu singelo registro, nesse textinho xucro, a minha imensa gratidão em nome dos sedentos, dos fracos, dos tolos que, como eu, carregam o otimismo no coração. Em nome das mães, dos 54 milhões e em nome do amor, por mim, você fica! Beijo.


Mariano Sá.