segunda-feira, 21 de julho de 2014

Coragem no amor




É preciso, em meio a comicidade deste vídeo, reparar na pureza do amor desta criatura.

É puro, gente. É de verdade. Já amei assim na quinta série, creio eu.

Que vontade, Carol!

Se essa menina soubesse a raridade que será encontrar um amor tão puro como este, ela se jogaria nesses braços.

Ah, se ela soubesse.

“Não fique com essa frescura de: não, quero não!”

Me poupe, Carol! Joga fácil!

Convenhamos, ele merece!

Convenhamos, ele botou no bolso muito marmanjo que não se aventura no amor.

Convenhamos que o menino do vídeo deu uma de Antônio da crônica passada.

Convenhamos que ele tinha que ser recifense, só os homens que viveram em Recife são guerreiros assim. Sem falar no sotaque forte e gírias típicas.

Ele não se acovardou, chamou na xinxa e cometeu o singelo erro de prometer amor pra sempre. Não se ama pra sempre. Aprenderás adiante, amigo.

Eu, sinceramente, estou orgulhoso!

Não fiz isso, Beco (acho que é esse o apelido dele), não fiz na quinta série. Como te invejo, como te admiro.

Leva pra vida estes ensinamentos, de quem se arrisca quando se quer algo.

Carol, fia, veja aí!


A coragem desse menino é exemplar. Coragem é pra poucos. Para iniciar e para findar, no amor, coragem é pra poucos. 


Mariano Sá.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Amor de ficção



Se tem uma cena de romance do cinema nacional que nunca esqueci, foi deste filme – A máquina – de cenário simples, sem grandes produções, mas de um texto riquíssimo, personagens cativantes e uma trilha sonora impecável.

Antônio e Karina, nos parques de ouro donde o amor começa a pulsar.

Como os invejo, como os admiro, eu que te vejo e nem quase respiro -  Cecília de Chico Buarque.

Valente Antônio, quando o amor explode, que não da mais pra disfarçar, quando é agora ou nunca, a hora H, o pega pra capar, desembucha, menino! Fala pra ela do teu amor, fala de uma vez! Olha dentro dos olhos dela e diz! Vai, com o coração, misera!

Eu confundi a ficção, com tamanha desenvoltura do ator Gustavo Falcão.
Deslumbrar-se com Mariana Ximenes é inevitável, eu sei – não sei, na verdade.
Mas contracenar com tanta euforia é um dom que só os que dominam a arte cênica gozam.

Ah, atores, estes fingidos.

E o texto fala da ficção, já que Karina, personagem de Ximenes, sonhava em ser atriz e usava Antônio, pobre Antônio, em seus ensaios.

Antônio não aguentava mais fingir. Para ele não era ficção. O amor não é fictício, geralmente.
Digo, se é amor de verdade, ora, não rola ficção. Óbvio.

Mas o amor pode virar ficção. Já vimos que ele acaba. Vimos na vida, noutra crônica, noutra estória. Deixa isso pra outro devaneio.

Antônio, meu caro, o mundo precisa de corajosos assim. De quem joga fácil, mesmo num jogo difícil. De um camisa 10 com a classe de Zidane.

De verdade, sabe? Sem ficção.

É que eu não sou ator, e se eu sinto dor, tenho que chorar.

Ah, atores, estes fingidos. Como os invejo, como os admiro, eu que te vejo e nem quase respiro.

Mirem-se no exemplo de Antônio, aí.

Assistam o filme, escutem Cecília de Chico, emendem com Ela faz cinema, dancem mais, bebam, mas não amem de mentira. Covardia, pô!



Mariano Sá.

terça-feira, 8 de julho de 2014

Brasil x Alemanha

(Escrevi ontem 07/07/2014, mas por problemas técnicos, postei hoje, ainda antes do jogo. Sim, levantei com os dois pés hoje!)



Só digo uma coisa: amanhã, melhor que levantar com o pé direito, é levantar com os dois pés!

Quase tudo que sei nessa vida sobre ganhos e perdas, aprendi com futebol.
Aprendi a perder, tarefa difícil diga-se de passagem, mas não a me entregar.
Vi e vivi quase de tudo no futebol, de lá da escolinha no Anchieta ao profissional do Íbis - exato, Íbis. De derrota eu entendo.

Mas só no futebol eu vi superações como nenhures.

Não vou falar em Ronaldo, essa é batida.
Vou falar de um colega do futsal, no infantil do Santa Cruz, um campeonato lá em Fortaleza.
Seu nome, Maradona, nome de craque e não à toa.

Era numa semi-final também, ano 2000, ginásio da AABB na capital Cearense.
No dia do jogo, nosso treinador, renomado treinador de Futsal em Pernambuco, Professor Ricardo Coutinho,  recebeu uma ligação às 5hs da manhã. A notícia não era boa. Mataram o pai de Maradona num bar, numa comunidade do subúrbio recifense.

Professor R.C., experiente que é, usou isso a nosso favor.
Lembro de algumas palavras, no final da preleção, já aos gritos e lágrimas:

"VAMOS JOGAR POR MARADONA, VAMOS TRANSFORMAR ESSA RAIVA EM VONTADE DENTRO DA QUADRA!"

"VAMOOOOOS!!!"

seguido de um Pai Nosso que ecoou naquele ginásio.

Eu perdi meu pai, e no fatídico dia eu mal tinha forças para me manter de pé.

Como te invejo, Maradona! Nem sei por onde andas, amigo. Acho que nem lembras de mim.

"Eu vou jogar, professor. Pode me botar, eu quero jogar!" Disse Maradona pouco antes do jogo.

Maradona entrou sim. Inclusive, ele era titular.

Era um jogo difícil, contra o Fluminense do RJ.

Jogo duro, e lembro que começamos perdendo. Mas Maradona estava endiabrado, ou melhor dizendo, "endeusado".
Não deu pros cariocas, não deu pra dor, não deu pra tristeza.
Eu vi ali, menino novo que era, de realidade diferente daquele colega, eu vi de perto, um exemplo de superação.
Um de muitos que eu vi só, e apenasmente - como diz Belchior - no futebol.

Vai soar clichê se eu disser que Maradona foi melhor em quadra, né?

É. Mas foi. Vencemos àquele, que até então, era o melhor time da competição.

Placar 3 x 2, Maradona fez 2 e o outro gol foi do nosso goleiro, Macaíba.

Ali na quadra, rezamos outro Pai Nosso, agradecendo a vitória e pela alma do pai do colega.

Perdemos a final, pro Juventus de São Paulo, mas meu exemplo acabou alí nas semi.

Jornal Hoje de hoje(ontem), falou em resiliência, termo da psicologia que fala da capacidade de uma pessoa superar obstáculos.

Brasileiro resiliente é pleonasmo, Globo.

Não há povo com tamanha capacidade no mundo - salvo os eunucos japoneses, Hiroshima. [brincadeira, pô]

Amanhã a Alemanha conhecerá seu Führer.

Neymar, Champs, um ex professor meu, promotor Thiago Godoy, que mataram aqui em PE, disse um dia: "Ninguém vence uma pessoa que tem um sonho!"

Ninguém vencerá seu sonho, tão nosso, de toda nação.

Ahora, decime como se siente, Argentina... caso passe das laranjeiras, verás teu papai que é gigante pela própria natureza, lançar  os filhos à luta, da qual nunca fugimos, pois, nascemos para jogar futebol, vocês para torcerem. Parabéns, mas o HEXA É NOSSO!

#hexaéluxo #rumoaohexa #pelémelhorquemaradona


Mariano Sá








terça-feira, 1 de julho de 2014

De tudo fica um pouco


De tudo fica um pouco - resíduo de Drummond – fica sim, de tudo um pouco.
Poema lindo pra tirar lá debaixo do tapete o que se tenta esconder, mas ainda está ali.
De tudo fica um pouco, um pouco de mim em você, um pouco de você em mim.
Um pouco fica e sai, outra quantia fica, talvez, por toda a vida.
Porque de tudo fica um pouco do bom que se acrescentou, se absorveu e se instalou na formação de uma nova personalidade, na evolução que houve com o sinalagmatismo de quem dá lá e toma cá.

“E de tudo fica um pouco.

Oh abre os vidros de loção
e abafa
o insuportável mau cheiro da memória.”

O cheiro é bom, Drummond, tal qual sinto, é bom.
É cicatriz, que diz a nova canção da Nação Zumbi:
Visível marca de um riscado inesperado

Pra lembrar e nunca mais esquecer
Visível marca de um riscado inesperado
Pra lembrar o que lhe aconteceu

Ficar bem desenhado só pra ser bem lembrado

Risco do erro, mal visto, mal quisto e mal olhado
Quem vê vira logo a vista para o outro lado
Mas essa daqui me traz uma boa lembrança, não preciso esconder
Mas essa daqui me traz uma boa lembrança, não vou mais esquecer

E seja como for, mangue-boys, eu me lembrarei, não esquecerei.
Não vou esquecer do prato de flores, mas precisei levar Minh ‘alma pra passear.
A lua nos chama, Lenine.
De tudo fica um pouco, mas as canções, estas ficarão muitas, esse canto espantou muitos males naquele percurso, mas se a gente não sabe mais rir um do outro, meu bem, então o que resta é chorar.
Temer findar é procrastinar e elevar a dor. Do fim, ninguém escapa. Levarão seu amor pelos braços, nem que seja a morte, como disse noutra crônica dia desses.
O amor acaba, como Xico Sá citou, acaba como na crônica de Paulo Mendes Campos:  “Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferente dos parques de ouro onde começou a pulsar..."
Diferente dos parques de ouro.
Diferente de quando os olhos brilhavam.
Diferente de quando a ânsia era pelo encontro.
Diferente de quando um abraço fazia esquecer o mundo.
Diferente de tudo que o tempo rouba.
O amor é filme e Deus é espectador, Lirinha.
É drama, aventura, mentira, comédia romântica.
Dele teme-se o fim, também o começo. O amor assusta. É drama, é suspense.
Amor não avisa quando vai, tampouco quando vem, simplesmente sai ou chega.
Avassalador, Lenine, chega sem avisar.
Chega, faz um estrago danado, é bom, fica, mas vai...
Acaba, Paulo Mendes Campos, “...de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas.”
O amor acaba em 90 minutos, sem prorrogação. Alguém perde.
Dor inevitável nos dois vestiários subterrâneos, entranhas apartadas por um apito final.
Mas se de tudo fica um pouco, deixa as canções, as tantas canções tocar até enjoar, ou até outro amor roubar para si, a canção que um dia embalou nossos passos.
Porque amores serão sempre amáveis e futuros amantes, quiçá, se amarão sem saber, com o amor que um dia escapou pelos nossos dedos.


Mariano Sá.