terça-feira, 13 de maio de 2014

Do meu brother para mim



Foto antiga, réveillon de 2008. Recife, boa viagem, Acaiaca beach.

Ele sempre foi popular. 


Um capeta quando criança, alguns diziam que aquele menino só podia estar possuído, diante de tantas travessuras.


Até os dez anos de idade, não conseguia ter uma babá, pois todas as muitas tentativas não ultrapassavam o primeiro mês. Elas se demitiam. Por justa causa.

Aos juízes precipitados, que arbitram a vida alheia, um revés. Não perceberam a essência.

Não era apenas um bom coração. Era mais. Graças à popularidade construída com seu jeito extrovertido, com suas "maloqueirisses", e uma boa dose de verdade, logo mais a frente, se tornaria um bom coração com alcance e repercussão em muitas vidas.


Já eu, nunca fui super popular. Nunca precisei.

Quase sempre incluído nos acontecimentos, tinha passe-livre aos mesmos grupos.


Era o exemplar perfeito daquele que sofre bulling. Nerd, quatro-olhos, fundo de garrafa, e cabelinho de cuia. Mas como podia sofrer bulling o melhor amigo do mais popular?

A retribuição vinha através de amizade verdadeira, desde sempre sem melindres e babaquices. O egoísmo não vinha ao caso, já que um defendia ao outro por puro egoísmo.


O tempo foi passando e juntos fomos crescendo.

Dividíamos tudo que era legal. Companhia, pensamentos, brincadeiras, esportes, video-games, festas, e, eventualmente, até as meninas.

Ele pedia para eu ser menos nerd, menos irônico, menos sarcástico, pois muitos de seus coleguinhas não entendiam o que eu falava e achavam que eu era meio idiota. Cabia a ele convencê-los que eu era legal e normal. Cabia a mim me divertir com a situação.

Eu sempre ganhava as apostas e ele insistia em continuar apostando comigo. Às vezes, pensava até que ele gostava de perder pro seu brother. Não tinha outra explicação.


Ensinei pra ele como gostar de Chico Buarque. Ele me mostrou como chegar naquelas menininhas. Aprendi, gostei, e até brincava às vezes de furar o olho do amiguinho.


Um acabou ensinado ao outro, ao longo dos anos, o valor inabalável de uma amizade.


A barba cresceu. Fui morar no Rio. E ele me mandou uma música, composta, tocada e cantada por ele mesmo.

Ele canta mal e toca mais ou menos, mas naquele dia, já no RJ, eu escutei uma das músicas mais fodas e significantes da minha vida. Era, no fim das contas, um lembrete.


Um lembrete de que, apesar de qualquer distância, e de qualquer ação do tempo, a nossa amizade sempre será aquela, dos tempos de criança.


Um abraço, meu brother.


André Falcão.

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