sexta-feira, 18 de julho de 2014

Amor de ficção



Se tem uma cena de romance do cinema nacional que nunca esqueci, foi deste filme – A máquina – de cenário simples, sem grandes produções, mas de um texto riquíssimo, personagens cativantes e uma trilha sonora impecável.

Antônio e Karina, nos parques de ouro donde o amor começa a pulsar.

Como os invejo, como os admiro, eu que te vejo e nem quase respiro -  Cecília de Chico Buarque.

Valente Antônio, quando o amor explode, que não da mais pra disfarçar, quando é agora ou nunca, a hora H, o pega pra capar, desembucha, menino! Fala pra ela do teu amor, fala de uma vez! Olha dentro dos olhos dela e diz! Vai, com o coração, misera!

Eu confundi a ficção, com tamanha desenvoltura do ator Gustavo Falcão.
Deslumbrar-se com Mariana Ximenes é inevitável, eu sei – não sei, na verdade.
Mas contracenar com tanta euforia é um dom que só os que dominam a arte cênica gozam.

Ah, atores, estes fingidos.

E o texto fala da ficção, já que Karina, personagem de Ximenes, sonhava em ser atriz e usava Antônio, pobre Antônio, em seus ensaios.

Antônio não aguentava mais fingir. Para ele não era ficção. O amor não é fictício, geralmente.
Digo, se é amor de verdade, ora, não rola ficção. Óbvio.

Mas o amor pode virar ficção. Já vimos que ele acaba. Vimos na vida, noutra crônica, noutra estória. Deixa isso pra outro devaneio.

Antônio, meu caro, o mundo precisa de corajosos assim. De quem joga fácil, mesmo num jogo difícil. De um camisa 10 com a classe de Zidane.

De verdade, sabe? Sem ficção.

É que eu não sou ator, e se eu sinto dor, tenho que chorar.

Ah, atores, estes fingidos. Como os invejo, como os admiro, eu que te vejo e nem quase respiro.

Mirem-se no exemplo de Antônio, aí.

Assistam o filme, escutem Cecília de Chico, emendem com Ela faz cinema, dancem mais, bebam, mas não amem de mentira. Covardia, pô!



Mariano Sá.

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