Se tem uma cena de romance do cinema nacional que nunca
esqueci, foi deste filme – A máquina – de cenário simples, sem grandes
produções, mas de um texto riquíssimo, personagens cativantes e uma trilha
sonora impecável.
Antônio e Karina, nos parques de ouro donde o amor começa a
pulsar.
Como os invejo, como os admiro, eu que te vejo e nem quase
respiro - Cecília de Chico Buarque.
Valente Antônio, quando o amor explode, que não da mais pra
disfarçar, quando é agora ou nunca, a hora H, o pega pra capar, desembucha,
menino! Fala pra ela do teu amor, fala de uma vez! Olha dentro dos olhos dela e
diz! Vai, com o coração, misera!
Eu confundi a ficção, com tamanha desenvoltura do ator
Gustavo Falcão.
Deslumbrar-se com Mariana Ximenes é inevitável, eu sei – não
sei, na verdade.
Mas contracenar com tanta euforia é um dom que só os que
dominam a arte cênica gozam.
Ah, atores, estes fingidos.
E o texto fala da ficção, já que Karina, personagem de
Ximenes, sonhava em ser atriz e usava Antônio, pobre Antônio, em seus ensaios.
Antônio não aguentava mais fingir. Para ele não era ficção.
O amor não é fictício, geralmente.
Digo, se é amor de verdade, ora, não rola ficção. Óbvio.
Mas o amor pode virar ficção. Já vimos que ele acaba. Vimos
na vida, noutra crônica, noutra estória. Deixa isso pra outro devaneio.
Antônio, meu caro, o mundo precisa de corajosos assim. De
quem joga fácil, mesmo num jogo difícil. De um camisa 10 com a classe de
Zidane.
De verdade, sabe? Sem ficção.
É que eu não sou ator, e se eu sinto dor, tenho que chorar.
Ah, atores, estes fingidos. Como os invejo, como os admiro,
eu que te vejo e nem quase respiro.
Mirem-se no exemplo de Antônio, aí.
Assistam o filme, escutem Cecília de Chico, emendem com Ela
faz cinema, dancem mais, bebam, mas não amem de mentira. Covardia, pô!
Mariano Sá.
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